Luciana Barbosa de Oliveira Santos,  57 anos, primeira mulher a ocupar o posto de ministra de C&T na história, foi entrevistada pelo Programa WASH

Foi um diálogo curto e direto, mas que trouxe luz às diretrizes da ciência para os próximos anos. A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Barbosa de Oliveira Santos,  Engenheira Eletricista, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),  conversou, neste mês, com o Programa WASH.

Luciana contou sobre a sua carreira, que culminou na conquista de ser a primeira mulher a ocupar a Pasta como ministra, na história do país; falou sobre as primeiras iniciativas para a retomada dos investimentos em C&T no Brasil, pós-tempos sombrios e de negacionismo, e destacou ações para avançar na equidade de gênero na ciência.

Frente a esse cenário que ela descreveu com números. Hoje, as mulheres têm 60% de participação nas bolsas de iniciação científica, mas somente 35% nas bolsas de produtividade”, a ministra apontou ações para estimular “o ingresso, a permanência e ascensão de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, nas Engenharias e na Computação.  Confira a conversa!

Programa WASH: Gostaria que a Sra. comentasse como se sentiu sendo a primeira mulher a ocupar a cadeira de ministra da Ciência, Tecnologia e inovação? E, também, que destacasse um pouco do seu currículo para apresentarmos à comunidade do WASH?

Luciana Santos: Assumir o cargo de ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, a primeira da história do País, é um dos maiores desafios da minha vida pública. Já ocupei diferentes cargos ao longo da minha trajetória política. Fui, por duas vezes, prefeita de Olinda, minha cidade natal; deputada estadual e federal por Pernambuco; secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente; e vice-governadora de Pernambuco. Agora, como ministra, chego com a missão de trazer a ciência de volta, após quatro anos de negacionismo.

Em nosso governo, a ciência é pilar do desenvolvimento nacional e, através da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação, retomaremos o crescimento econômico com geração de oportunidades, emprego e renda para a população.

Programa WASH: Nos últimos anos, os institutos de pesquisa, os centros de ciência, as universidades, vivenciaram tempos de total abandono, o que colocou o país numa situação bastante desvantajosa em relação à pesquisa e a ciência mundial, aos indicadores de desenvolvimento e inovação. Como recuperar esses anos perdidos?

Luciana Santos: Nosso esforço de valorização da ciência e de recuperação da capacidade científica do País já acumula conquistas importantes. Reajustamos as bolsas de estudo e pesquisa da Capes e do CNPq. Com essa medida, contemplamos 258 mil estudantes e pesquisadores. Também autorizamos a realização de concurso público com 814 novas vagas para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e unidades de pesquisa vinculadas.

Outra importante conquista é a recomposição integral do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT. Com isso, o Fundo passa a dispor de R$ 9,96 bilhões para investimentos em projetos estruturantes em áreas prioritárias para o desenvolvimento nacional, como combate à fome, saúde, clima, reindustrialização, transição energética e transformação digital.

Programa WASH: Como mulher, quais são os principais desafios marcados pelo gênero que precisam ser superados na Ciência e Tecnologia e quais são as políticas já delineadas pelo Governo para reduzir as desigualdades de gênero neste setor?

Luciana Santos: Uma medida que considero fundamental é o edital no valor de R$ 100 milhões que será lançado pelo CNPq para apoiar projetos que estimulam o ingresso, a permanência e ascensão de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, nas Engenharias e na Computação. Hoje, as mulheres têm 60% de participação nas bolsas de iniciação científica, mas somente 35% nas bolsas de produtividade. Com esse edital, esperamos avançar na equidade e combater a evasão nessas áreas.

Recentemente, publicamos uma portaria com as diretrizes da nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que serão debatidas com a comunidade científica e acadêmica, setor produtivo e demais setores da sociedade que terão assento no Conselho Nacional de C,T&I, que foi retomado por decreto do presidente Lula. Os debates serão aprofundados na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que será realizada no início de 2024.

Programa WASH: Como o MCTI e o Ministério da Educação podem atuar de forma conjunta para aproximar a ciência e a Tecnologia dos currículos, na rede pública de ensino, em todo o Brasil? Existe algum trabalho do MCTI para aproximar escolas e comunidades dos museus de ciência ou alguma iniciativa voltada para esse tema no Governo?

Luciana Santos: Destaco que realizaremos em outubro a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, um evento nacional de popularização da ciência que mobiliza universidades e institutos de pesquisa; escolas públicas e privadas; museus de ciência, parques e jardins botânicos. Em 2023, a Semana Nacional será realizada de 14 a 20 de outubro com o tema “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável”.

Entrevista para Denise Vieira Pereira

Fotos da Ministra: Divulgação MCTI (Flickr)