Luciano Weslen da Silva, 19, poderia ser apenas mais um jovem que gosta de tecnologia. E olha que ele gosta. Quando estuda, está próximo ao tema e no lazer, também. Tem como hobby aprender coisas relacionadas à edição de imagens, vídeo e videomaker. De uma família grande, são cinco irmãos, sendo ele o mais velho, o estudante iniciou o ensino médio, em 2016, fazendo o curso Técnico em Informática no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), Campus Londrina, o que o aproximou da Robótica Educacional e do Programa WASH. Quando terminou o curso, já tinha certeza de que seguiria a carreira de desenvolvedor de sistema.
Com a Robótica, ele participou, como competidor e juiz, de várias competições e pretende continuar participando. Já no WASH, tema desta entrevista, ele foi voluntário por seis meses, em 2019; e, na sequência, bolsista na Iniciação Científica, por mais quatro meses. “Todas essas conquistas são resultado de poder ter estudado em uma instituição de qualidade e gratuita: o IFPR”, ele afirma. Como bolsista do WASH, desenvolveu, em seu projeto de pesquisa, um Aplicativo de Lupa para auxílio às pessoas de baixa visão. O trabalho teve a orientação do professor Fernando Accorsi.
Silva tem deficiência visual e a sua condição foi um diferencial para o desenvolvimento do aplicativo, ele afirma. Outro fato a destacar é que o bolsista gosta de ajudar, atributo forte na sua personalidade. “Eu gosto muito de ajudar as pessoas, até mesmo se eu não souber direito como ajudar”, destaca.

O protótipo de lupa eletrônica, criado pelo bolsista, é um aplicativo de smartphone, gratuito, com botões maiores e manuseio simples, explica. “Também com funcionalidades extras, como: poder fazer a captura e anotações na imagem”. São muitas vantagens em relação às existentes no mercado, com destaque para a acessibilidade e o custo. “Os maiores problemas das lupas eletrônicas são o seu tamanho e o custo muito elevado”, conta.
Nesta entrevista, agora já na graduação, no curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, que iniciou em 2020, também no IFPR, ele fala sobre seu projeto.
Mas não é só, Silva iniciou, neste ano, um estágio na área de Desenvolvimento. Ele acredita que tudo foi resultado da bagagem e aprendizados acumulados no ensino técnico (pela participação nos projetos e eventos).
Sobre o futuro, ele tem como meta conhecer outros países e poder viajar muito. “Eu acredito que cada momento é único e passa muito rápido, então, devemos aproveitar”. Na Iniciação Científica, ele mostra que aproveitou bastante. Confira nossa conversa com o bolsista!
Você pode contar como foi a escolha do seu projeto? Qual a motivação para trabalhar com um tema relacionado à tecnologia assistiva?
Luciano Weslen da Silva: A escolha do tema nasceu de uma necessidade do meu próprio dia a dia, pois eu tenho deficiência visual. Minha orientadora, a professora Luciana Maria Vieira Pottker, vendo o meu contexto, sugeriu a ideia de produzir uma ferramenta voltada para esse público. Ela conversou e eu me interessei muito, pois é um tema que eu convivo no meu dia a dia. Além de poder ajudar outras pessoas com a mesma deficiência, serviria para eu aprender mais sobre o contexto da deficiência visual e as tecnologias assistivas voltadas para esse público.
Qual a importância de ter atuado como voluntário, durante meses, antes de ser bolsista e desenvolver seu projeto?
Silva: Atuar, durante meses, como voluntário me fez acreditar e ter um carinho muito grande pelo projeto; pois eu não estava ali por uma obrigação, mas, sim, por vontade própria. E a cada dia nas oficinas me dava mais vontade de estar lá no dia seguinte. É incrível a sensação de transmissão de conhecimento. Poder ver aquelas crianças aprendendo novos conhecimentos, foi maravilhoso. Eu dizia, sempre, aos meus amigos, que eu aguardava ansioso pelo dia das oficinas, pois era o meu momento de me divertir ensinando aquelas crianças.
Você pode resumir o que propõe o seu aplicativo – Lupa eletrônica – e no que ele se diferencia dos demais, em relação à funcionalidade e custos? Descreva, brevemente, como a lupa funciona.
Silva: O projeto se trata na modelagem e desenvolvimento de um aplicativo que, através da câmera do smartphone e/ou tablet, simule uma lupa eletrônica. Uma lupa eletrônica tem um custo muito elevado e nem todas as pessoas com deficiência visual conseguem obter. O aplicativo seria disponibilizado nas lojas de aplicativos (como Play Store), de forma gratuita, e teria como funcionalidades básicas fazer aproximação e redução de imagens (zoom-in e zoom-out) e a mudança de cores da imagem sendo exibida na tela, e como funcionalidades extras a captura e manipulação da imagem, após o usuário ter deixado de uma forma que ele consiga enxergar. Com isso, ele pode escrever em cima da imagem e fazer anotações, caso seja necessário.
Ter baixa visão facilita pensar em respostas e ferramentas para esse grupo/público, pois se conhece mais de perto as dificuldades desse segmento ou isso não é decisivo na hora de desenvolver ferramentas?
Silva: Sim, eu acredito que isso acabou sendo um diferencial muito importante para o desenvolvimento do projeto.
Você, com certeza, estudou modelos existentes, buscou conhecer o que eles ofereciam, criou um modelo, aplicou a sua teorização. Você conseguiu perceber fatos importantes que não foram atendidos pelos modelos já existentes de lupa para pessoas de baixa visão?
Silva: Sim. Os maiores problemas das lupas eletrônicas são o seu tamanho e o seu custo muito elevado. Possuir um tamanho muito grande acaba não levando o usuário com baixa visão a querer usar a ferramenta em lugares públicos e acaba sendo mais alguma coisa que ele tem que carregar na bolsa. E ter um custo alto leva a que poucas pessoas possam ter o dispositivo. Existem, também, alguns aplicativos que tentam fazer o papel de lupa eletrônica, mas acabam não sendo adaptados ao deficiente visual, muitas vezes contendo botões pequenos e um manuseio complicado. O projeto que estou desenvolvendo busca ser mais um aplicativo no smartphone; com isso, então, não ocuparia espaço físico adicional, propõe ser gratuito, adaptado com botões maiores e manuseio simples, e, também, com funcionalidades extras, como: poder fazer a captura e anotações na imagem.
Qual foi a receptividade dos alunos durante as oficinas em relação ao seu projeto?
Silva: Os alunos receberam muito bem.
Você participou do desenvolvimento de jogos durante a bolsa? Você acredita que esse tipo de ferramenta poderia ser adotado com mais frequência nas escolas? E por que ainda não é, na sua opinião?
Silva: Participei na criação e aplicação dos jogos, e tive grandes aprendizados. Acredito que poderiam ser aplicadas com mais frequência nas escolas, pois são ferramentas com muito potencial para o aprendizado das crianças; mas, acredito que a falta de equipamento e de profissionais capacitados atrapalham no uso dessas tecnologias nas escolas.
Como foi a sua relação com seu orientador, no âmbito do compartilhamento dos conhecimentos e desenvolvimento do projeto?
Silva: Foi incrível. O professor Fernando Accorsi, como coordenador local do WASH, fez um trabalho exemplar. Ele nos ajudou muito, dando dicas na forma de transmitir o conhecimento para as crianças e no desenvolvimento dos jogos, sempre estava ali dando apoio. A cada reunião, a gente aprendia algo diferente com ele. Foi essencial para aplicação das oficinas.
Qual foi o impacto de desenvolver um projeto de iniciação científica para a sua vida escolar e para o futuro?
Silva: Acredito que todos os alunos deveriam ter essa oportunidade, pois, além de trazer muito conhecimento, traz, também, vivências que serão inesquecíveis; e tenho certeza de que ajudarão no futuro quando estiverem no mercado de trabalho.
De alguma forma, você pretende dar andamento ao que você fez na Iniciação Científica, pretende ter uma carreira acadêmica, científica, voltada para a pesquisa ou Ciência?
Silva: Eu pretendo, agora, na minha graduação, continuar com meus projetos acadêmicos.
Entrevista e edição: Denise V. Pereira
Revisão: Nádia Abilel de Melo
Fotos: Arquivo Pessoal: Luciano Weslen da Silva
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