Histórico do Programa WASH
Três passos para a história
Na história de qualquer um de nós, existem momentos que são marcos, sejam por significarem o primeiro passo da caminhada, as primeiras conquistas, um período de inflexão, tempos de expansão e consolidação, momentos de virada e ressignificação. Com o Programa WASH não foi diferente. No seu percurso, três momentos são referenciais para sintetizarem o seu histórico. Conheça nossos marcos!
1 – Aprendendo com outras propostas
A origem do WASH tem influências em iniciativas que datam de 2004, quando o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) foi designado pelo Governo Federal para avaliar o Projeto “One Laptop per Child” (OLPC). A proposta surgiu em Davos, com objetivo de ampliar o uso intensivo das tecnologias de informação em todo o mundo. A proposta foi apresentada ao Brasil por Nicholas Negroponte do Media Lab/MIT (Massachusetts Institute of Technology). Acesse o artigo “Avaliação do programa One Laptop per Child (OLPC) e as origens do WASH”, de Elaine da Silva Tozzi e Victor Pellegrini Mammana.
Durante a avaliação do OLPC, realizada por entidades independentes (CTI, LSITec e Fundação Certi) , foram analisados vários aspectos como a proposta pedagógica, modelo de negócios, sustentabilidade, redes, política industrial, software, ergonomia e conteúdo, a proposta previa um piloto, envolvendo 1 milhão de estudantes; e fases posteriores de expansão para o atendimento de 30 a 40 milhões de estudantes.
O financiamento dessa proposta seria gigantesco, pesando de forma significativa no orçamento do Ministério da Educação (MEC) – o que não favorecia uma aprovação. Entretanto, o Projeto OLPC apresentava aspectos positivos, sobretudo, na metodologia proposta – o que chamou a atenção de educadores e cientistas brasileiros.
O WASH surge, neste contexto, como subproduto das lições aprendidas durante a referida avaliação. Também contribuiu para a construção dos conceitos a avaliação do Programa de Inclusão Digital do Ministério da Ciência e Tecnologia, feita pelo CTI em 2009.
2 – Portas abertas para o aprendizado em C&T e Inovação
O ano de 2013 foi o marco inicial das atividades do WASH. O Programa foi idealizado por Victor Mammama, físico, com doutorado pela USP – Universidade de São Paulo, que decidiu abrir as portas do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, onde também funcionava o Instituto Federal – Campus Campinas, à comunidade, aos sábados, para que ela pudesse usufruir da infraestrutura daquele espaço de conhecimentos tecnológicos e científicos e, simultaneamente, ter acesso ao aprendizado de programação de computadores e informática de forma simples, rápida e lúdica.
Como a estrutura estava disponibilizada, a ideia parecia simples, mas os desafios eram enorme – pois envolvia a construção de uma rede de colaboradores – para que a iniciativa pudesse ser bem-sucedida. Era preciso atrair as crianças, mobilizar a comunidade escolar, capacitar monitores para o compartilhamento do aprendizado, envolver os pais e responsáveis e ter funcionários que se dispusessem a abrir a escola ao público, fora do seu horário normal de trabalho. E como as crianças iriam estar ali fora do período de aulas, era preciso também garantir o seu transporte e alimentação.
Em que se pese a vantagem da infraestrutura existir, não havia recursos imediatos para todas as ações serem colocadas em prática. Então, prevaleceu a vontade de realizar, por meio de uma construção coletiva. O WASH surgiu graças a uma rede de cooperação envolvendo todos os atores citados, que abraçaram o projeto e atuaram de forma voluntária.
Foram iniciadas as reuniões de planejamento, encontros com os responsáveis pelas crianças, com bolsistas do Ensino Médio e Graduação, que seriam os futuros monitores dos educandos e construída uma metodologia que permitisse que adultos de qualquer idade e crianças desenvolvessem habilidades relacionadas a conhecimentos em Ciências e Software Livre.
A ferramenta a ser utilizada pelos participantes foi o Scratch, que é uma linguagem de computador voltada para iniciantes para programação de jogos, histórias animadas e programas interativos.
Assim começaram a ser realizadas as oficinas com 67 crianças da Vila Olímpia, bairro da região Norte de Campinas, às margens da Rodovia D. Pedro e próximo às instalações do CTI Renato Archer. Ali foram realizadas 60 oficinas naquele ano, ministradas por 25 bolsistas.
Essa primeira fase foi marcada pelo espírito colaborativo e envolvimento comunitário.
Confira os números dessa primeira experiência do WASH:
- 60 oficinas com os estudantes participantes.
- 26 rodas de diálogos com os bolsistas do Ensino Médio e Graduação, acompanhada por psicólogos;
- 14 apresentações de pôsters na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do CTE ;
- 20 reuniões de planejamento com a Coordenação do WASH;
- 15 reuniões com os responsáveis das crianças na Comunidade da Vila Olímpia ;
- 03 reuniões da Coordenação do WASH com os bolsistas do Ensino Médio e Graduação.
WASH em Expansão
A partir daí, o Programa foi levado a Diadema, Guarulhos, São José dos Campos e beneficiou estudantes de mais de 20 cidades em cincos estados brasileiros. Leia mais sobre o WASH no Brasil.
Em Diadema, as atividades do WASH aconteceram na Escola Dona Lindu.
Já em São José dos Campos, foram quatro oficinas, que atenderam 400 estudantes, envolveram 40 professores e quatro estagiários.
No munícipio de Guarulhos, o WASH chegou também em 2013. O Programa foi desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Guarulhos, envolvendo o Departamento de Informática e Telecomunicações (DIT).
Neste município, o WASH promoveu:
– 26 oficinas em 09 Telecentros do CEUS (Centro de Educação Unificada), atendendo 158 alunos. Os estudantes eram filhos dos funcionários do DIT;
– Oficinas de Scratch na Escola Superior de Administração Pública (ESAP) para os assistidos do CAPS – Centro de Apoio Psicosossial – Unidade Osório, com 14 participantes;
– Oficinas de Robótica para 50 professores e orientadores da Rede Municipal da Escola Digital;
– Com a formação de educadores, a multiplicação do aprendizado da linguagem Scratch para 18 instrutores de informática que, por sua vez, compartilharam o aprendizado em nove CEUs, atendendo 200 alunos;
Divulgação Científica e Tecnológica, incentivando e possibilitando a participação de bolsistas em atividades vinculadas à C&T, inovação, simpósios científicos, Semana de Ciência e Tecnologia de Guarulhos, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), Conferência FabLearn Brasil (USP), entre outras.
– Pesquisa, com desenvolvimento de diversos projetos , que foram apresentados na Semana de Ciências Tecnologia do CTI.
Vale ressaltar que 15 projetos de iniciação científica e artigos, de diversas áreas foram desenvolvidos nesta etapa.
3 – Portaria 178 garante a multiplicação do WASH no território nacional
Outro momento decisivo para o WASH foi a publicação da Portaria 178, de 12 de novembro/2018, pelo CTI Renato Archer, que vivenciou as primeiras experiências.
Em razão do interesse crescente pela sua metodologia em diversos estados do país, era necessário que o melhor da experiência do WASH fosse assegurado a seus beneficiários, respaldado por diretrizes que embasassem a sua implantação dentro de um padrão de excelência .
Foi lançada, assim, a Portaria 178, que disponibilizou um Documento de Referência para multiplicar o Programa em outras instituições e localidades. O Documento é um guia sobre o conceito e modelo do Programa, traz todas as atribuições e responsabilidades de cada ente envolvido na sua implantação (escola, apoiadores, orientadores, comunidade escolar, estudantes, bolsistas etc). Aponta, também, os objetivos do WASH, quais são os materiais e metodologia que devem ser utilizados, orienta as unidades escolares na forma da busca de recursos para a sua sustentabilidade, destaca os conteúdos e públicos prioritários das oficinas., entre outros.
Conheça mais sobre o WASH, acessando a Portaria 178, no link abaixo: