Boletim do Programa WASH – ANO 01 – nº 18 – 18 de novembro de 2020
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Mês da Consciência Negra
BRASIL NEGRO
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Entrevista com Bianca Santana, jornalista e autora de “Quando me descobri negra”
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Na Semana da Consciência Negra (de 15 a 21/11) e das comemorações do Dia de Zumbi, em 20 de novembro, o Programa WASH não fugiu ao tema, que é uma verdade tão inconveniente à nação e à humanidade: o racismo, com seus efeitos perversos, violentos e desumanos. Para abordar a questão, nossa convidada foi Bianca Santana, jornalista e escritora, doutora em Ciência da Informação e mestra em Educação pela Universidade de São Paulo.
Bianca é autora de “Quando me descobri negra” e de uma biografia (em processo de edição) de Sueli Carneiro, filósofa e fundadora do Geledés — Instituto da Mulher Negra. Pela UNEafro, colaborou com a articulação da Coalizão Negra Por Direitos e agora se dedica à estruturação do Instituto de Referência Negra Peregum.
Durante o diálogo, Bianca aponta que “a sociedade brasileira já admite que o racismo existe e que nas tensões sociais que aumentam, explicita-se uma questão racial, porque os racistas já deixaram de ter vergonha ou de querer esconder o seu racismo.”
A jornalista e escritora mostra-se mais realista do que otimista, em relação ao preconceito racial. “Temos um longo caminho para depurar os efeitos da escravização e do racismo, que vai se atualizando e se sofisticando no Brasil.”
Bianca afirma que “o Brasil sabe que é negro. Mas, o Brasil tem, nas suas estruturas de poder, brancos que se beneficiam, economicamente, do não reconhecimento dessa negritude”.
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Iniciação Científica
Ex-bolsista do WASH busca combater racismo
com a história de “Grandes mulheres da África”
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Lígia Santos de Oliveira é a autora da pesquisa intitulada Grandes Mulheres da História da África, que integra um projeto mais amplo sobre “Reis e Rainhas da África”
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Como a história de grandes mulheres da África pode ajudar a combater o racismo no Brasil, dar visibilidade a novos personagens, ampliar o poder de fala da população negra e auxiliar na questão da identidade, além de romper com estereótipos? Essa temática inspirou uma jovem pesquisadora, aos 17 anos, que já conquistou premiações e, agora, batalha para apresentar seu trabalho numa feira internacional na Colômbia.
Se alguém perguntasse em uma roda de estudantes quantos países integram o continente africano, é muito provável que a maioria teria dificuldade para chegar à resposta certa: 54. Se a questão fosse sobre os países que enviaram negros para serem escravizados no Brasil, talvez, houvesse alguns acertos. Agora, se a gente tentar aprofundar sobre o que conhecem os alunos sobre as culturas afro-brasileira e africana, predominantemente, eles dirão que estudaram a escravidão e quase nada a mais. Talvez, alguma manifestação cultural como a capoeira.
Questões simples como essas seriam do conhecimento dos alunos das escolas brasileiras, se as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 ─ que tornam obrigatório o ensino da História e da Cultura afro-brasileira e africana para alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, em todas as escolas (públicas e privadas) do país ─ fossem efetivamente colocadas em prática. Então, como dar voz a essa história silenciada? E como o acesso a essas informações pode ajudar a combater o racismo ao abordar a questão da representatividade e identidade?
Uma bolsista do Programa WASH, que finalizou o Ensino Médio, em 2019, no Instituto Federal – IF (Registro-SP), no Vale do Ribeira, dedicou o seu trabalho de iniciação científica a esse esforço: ajudar as escolas a cumprirem essas diretrizes.
Lígia Santos de Oliveira é a autora da pesquisa intitulada Grandes Mulheres da História da África, que integra um projeto mais amplo sobre “Reis e Rainhas da África”, que nasceu com objetivo de construir material didático sobre reis e rainhas africanas, enquanto figuras representativas, coordenado pelo professor André Luigi, 37, bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Ensino de História pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e cursando o doutorado.
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