O fechamento de 2023 foi especial para os bolsistas do Programa WASH, vinculados à Funbosque – Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental – Escola Bosque, em Belém (PA), que tiveram a oportunidade de mostrar os resultados de seus projetos de pesquisa, construídos ao longo deste ano, sob coordenação e orientação da equipe local do WASH, no último dia 27 de dezembro, em evento on-line.
A equipe local do WASH na Funbosque tem como integrantes, Wany Góes Dias, coordenadora local do Programa; Luis Sanches, bolsista multiplicador do Programa WASH; Jader Gama, professor-orientador dos planos de trabalho dos bolsistas; e, à distância, conta com o apoio de Oswaldo Luciano dos Santos (pesquisador-voluntário) para o uso e registro das atividades e orientação da Plataforma Moodle.
A apresentação dos trabalhos, com a participação de grande parte dos bolsistas, foi coordenada por Wany Dias, e acompanhada por integrantes da equipe local, além da coordenação nacional do Programa WASH, representada pela pesquisadora, Elaine da Silva Tozzi, e de outros bolsistas.
Durante o evento, Wany Dias, lembrou que a tecnologia só é inovadora se for inclusiva; e que ela foi assim nesta parceria. “Nosso principal desafio foi levar para as ilhas a união entre o digital e o meio ambiente, a partir da compreensão da produção tecnológica local e suas relações com a cultura digital.”
De acordo com Elaine Tozzi, “esse foi um momento singular, com a apresentação dos trabalhos, principalmente pelo uso significativo de software livre pelos bolsistas, de ver os resultados voltados para o bem comum, de acompanhar a superação de desafios e resolução de problemas de forma colaborativa. “A parceria WASH e Funbosque foi um encontro de potências e temos o compromisso de dar continuidade a novos projetos com a Funbosque.”
Para Jader Gama, esse é o momento de agradecer pela confiança da Coordenação do WASH, que acreditou na FunBosque, sobretudo na figura da Elaine Tozzi. “Costumamos dizer que o que se faz na região insular pode ser feito em qualquer lugar.”
Gama destacou que o trabalho do WASH terá continuidade com novas políticas públicas. e a experiência abriu novas oportunidades. “Conseguiremos contratar dois estagiários entre o grupo de bolsistas do WASH e pensamos num futuro incrível para nossos jovens pesquisadores. Ele antecipou que um novo edital deverá garantir 45 bolsas para o Pará, no valor de R$ 1400,00, futuramente”.
Gama parabenizou ainda o trabalho de suporte, garantido pelo Oswaldo, no uso da plataforma Moodle, na Funbosque, e para os projetos de pesquisa.; além de destacar o apoio da coordenadora pedagógica geral, Elizângela Maria Pinheiro da Costa; e de Edresson Douglas Menezes (TI)..
A coordenadora pedagógica lembrou que a educação muda vidas e que esse projeto mudou a vida dos alunos. Elizângela da Costa ressaltou que “a Educação Pública insular é ainda mais desafiadora, mas quando se acredita que é possível mudar a realidade, a gente muda o mundo”. Elizângela destacou que estão se preparando para a COP-30 e contribuir com a comunidade e para o meio ambiente é muito especial. “Agradeço, especialmente, aos alunos que são incríveis, que nos dão orgulho pelo seu potencial.”
Apresentação dos trabalhos
Foram apresentados alguns trabalhos realizados pelos bolsistas da Funbosque, entre eles: o Projeto Cultura Digital e Meio Ambiente, a pesquisa sobre Produtora Colaborativa, Cartografia das Tecnologias Sociais na Ilha Caratateua e Tecnologias Assistivas.
O trabalho Cultura Digital e Meio Ambiente contou com a participação de 10 estudantes do curso médio-técnico em Meio Ambiente. e buscou fomentar o uso de tecnologias livres para a produção de conhecimento.
Com foco na sustentabilidade, esta pesquisa foi construída com a realização de oficinas para a compreensão da realidade e propostas de intervenção, rodas de conversa e apoiada em pesquisas bibliográficas sobre o tema. Participaram os estudantes, Àquila de Souza Paiva Carlos Jhonata Oliveira Farias, Laércio Roberto Rodrigues, Eduardo M Oliveira, Soraya da Silva Gouveia, Vitória Nazaré Pinheiro Moreira, Eloisa Cibele Duarte Dias, Lenon John M. Souza e Lucas Santos Aires.
Para o grupo, a vivência no projeto permitiu aliar teoria e prática. Foi um momento de descobertas, de encontrar talentos e potencias, de compartilhamento de conhecimento e evolução pessoal, além de profissional.“Esse foi um aprendizado como estudante e também para a vida”, afirmou a estudante,Vitória Moreira.
Já o plano de pesquisa sobre Produtora Colaborativa: suas contribuições na educação ambiental permitiu uma pesquisa de campo sobre processos econômicos produtivos e suas tecnologias no beneficiamento de cacau, pesca e criação de peixe, criação de abelhas nativas sem ferrão e agroecologia no bairro Itaiteua e na localidade colônia do Fedelis.
A produtora, esclarece o aluno, Eduardo Oliveira, é uma autogestão, com diversos profissionais com habilidades diferentes para criar conteúdos e soluções inovadoras. Essa proposta resultou em cursos, capacitações, realização de pesquisa para a produção de materiais educativos e vídeos para disseminar conhecimentos, parcerias com instituições e ONGs, ampliando o alcance da atuação e realização de palestras.
Os alunos contaram que no desenvolvimento desse trabalho enfrentaram desafios na utilização de computadores, uma vez que a maioria dos participantes só usa comumente celulares.
Os bolsistas afirmaram que pretendem, inclusive, dar continuidade a este trabalho, pois entendem que a pesquisa foi uma forma importante para sensibilizar e levar informações à comunidade.
Já no plano Ambiente Colaborativo – Projeto Ava Poraquê, foram destacadas as oficinas de Cultura Digital e Software Livre, a pesquisa sobre Cartografia das Tecnologias Sociais na Ilha de Caratateua e outras oficinas.
Dentro do trabalho envolvendo a Cartografia das Tecnologias Sociais, os alunos aplicaram questionários para identificar as tecnologias sociais, utilizadas na ilha; muitas delas identificadas pelos próprios moradores; foram feitas, ainda, visitas técnicas para a construção desse mapeamento das atividades e produção econômica com a sistematização de dados, relatórios e gráficos, além de análise de resultados. A ideia é que essa cartografia ganhe uma “pegada colaborativa”, futuramente, com inserção de dados também pela comunidade no aplicativo utilizado, complementa Wany Góes Dias,
A parceria com o Programa WASH possibilitou a implantação de uma ação colaborativa de produção da cartografia das tecnologias sociais da região das ilhas de Belém, tendo um papel fundamental na disseminação da identidade local, em suas dimensões produtivas, econômicas e ambientais, apontando caminhos significativos de combate às mudanças climáticas, afirmou. Wany Dias.
Outro momento especial do evento foi a apresentação da estudante, Soraya Gouvêa, que abordou a temática da Tecnologia Assistiva na Educação em sua pesquisa e entregou à comunidade escolar podcasts sobre como superar as dificuldades em sala de aula.
Soraya estava acompanhada de seus pais, que destacaram a alegria e orgulho em ver a filha como pesquisadora e agradeceram a participação da filha no Projeto WASH.
A pesquisadora do WASH, Elaine Tozzi, destacou esse importante envolvimento da família no acompanhamento dos filhos na escola, exemplo que foi dado pelos pais de Soraya. “Isso facilita a construção da ciência cidadã, que deve acontecer dentro e fora da sala de aula”, lembrou.
Parceria WASH e Funbosque
A parceria WASH e Funbosque garantiu, em 2023, bolsas a 10 estudantes do Ensino Médio na unidade escolar; e, em média, 40 estudantes foram contemplados com as oficinas de cidadania digital e participação social da FunBosque, ao longo do ano.
Fotos: Divulgação Funbosque
Texto: Denise Vieira Pereira