Ilustração do Fórum da Unicamp

Dan Baron é considerado uma referência em performance comunitária e alfabetização cultural para transformação social

O arte-educador, dramaturgo, diretor teatral, Dan Baron, participa de uma série de atividades, organizadas pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (IA-Unicamp), em junho. Baron é considerado referência em performance comunitária e alfabetização cultural para transformação social. Graduado e pós-graduado em teatro educacional pela  Universidade de Oxford, atuou na década de 90 como professor-convidado na Universidade Estadual de Santa Catarina e tem um extenso trabalho com comunidades sem-terra, indígenas, sindicais  e universitárias em diversos países (Brasil, Peru, China, Coréia e Japão, entre outros); e, desde 2008, atua com uma comunidade afroindígena,  na região amazônica, do Pará.

Baron, que já participou em maio da atividade Práticas da Curricularização da Extensão nas Artes Cênicas, no IA-Unicamp, tem sido um importante interlocutor para a aproximação do Programa WASH com o Instituto. O Programa busca construir parcerias na área de extensão com o IA e iniciou conversações com professoras e equipe do Instituto,  durante a visita de Baron.

Uma programação especial já está confirmada, com a presença de Baron, e vai acontecer na próxima semana, com participação aberta ao público. Confira!

13/06, terça-feira,  às 14h: Baron discute o planejamento de um curso de extensão, com a metodologia que tem adotado, para ser realizado na Unicamp.

14/06, quarta-feira, às 14h:  o educador participa como “ouvinte-perguntador” do Seminário “Curriculariza Extensão“, organizado pelo Departamento de Dança do IA-Unicamp.

Esse mesmo evento foi realizado em maio, com o público e equipe do Departamento de Artes Cênicas do IA-Unicamp, quando Baron foi palestrante.

15/06, quinta-feira, das 8h30 às 17h30: Baron é um dos convidados do Fórum “Por uma Justiça Epistêmica: Encontro de Saberes e outras propostas para descolonização dos currículos”. O Fórum, organizado em duas mesas, contará com a presença de importantes nomes dos mais diversos saberes e com intervenções artísticas na abertura e na finalização do evento. (Conheça todos os palestrantes abaixo). O Fórum acontece no Centro de Convenções da Unicamp.

De acordo com Verônica Fabrini do IA, que integra a comissão organizadora do evento, que reúne representantes dos Fóruns Permanentes UNICAMP, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Faculdade de Educação (FE), além do Instituto de Artes, “a organização desse Fórum reflete a preocupação muito grande de boa parte da Universidade sobre o distanciamento com a comunidade e a elitização do saber, porque muito se pensa que só a universidade produz saberes. A gente entende que não é isso”, defende a professora.

Verônica, que é doutora em Artes Cênicas pela USP (Dramaturgia e Encenação, 2000), com pós-doutorado em Filosofia (Teatro e Filosofia, 2005/2006) na Universidade de Lisboa, contextualiza, ainda, que a  urgência da curricularização da extensão também é resultado das cotas.  “Foram pelas cotas que as comunidades passaram a frequentar a universidade e a solicitar a inclusão de outros saberes e um trânsito mais orgânico com a sociedade. A chegada desses estudantes, também, revelou o quão branca e elitista é a universidade”, critica.

A professora defende que as universidades já participaram mais dos movimentos sociais e da vida social, e, é urgente para a sua sobrevivência, retomar o  caminho para um conhecimento mais orgânico e horizontal.

Dentro desse contexto, Verônica destaca que “o trabalho de Dan Baron, que atua com uma metodologia com bases na arte, a partir do afeto, da sensibilidade, da noção de pertencimento, permite a criação de vínculos, essencialmente, humanos. E essa é uma parte que a universidade não trabalha. Não há afeto, não há espaço para criação, para a sensibilidade, e até a convivência não tem lugar no campus. Cada um está na sua baia, no seu computador, não há viver comum. Mas, as artes da cena, que envolvem corpo, envolvem afeto e envolvem presença podem contribuir nesta mudança, e são essenciais para a extensão.”

Sobre a participação de Dan, no Fórum, ela comenta que “Baron desenvolve, há mais de 40 anos, metodologias que são efetivas em criar conhecimentos, criar vínculos comunitários, formar formadores, de um modo muito horizontal e freiriano, incluindo a dimensão da arte, da beleza, da alegria, coisas que estão longe do esquema racionalista, duro, frio e produtivista da universidade.”

Para mais informações e inscrição, basta acessar o link, abaixo, com a programação completa do Fórum:

https://www.foruns.unicamp.br/eventos/forum-permanente-por-uma-justica-epistemica

O evento é composto por outras atividades na Unicamp, entre elas, Oficina de Danças Afro-brasileiras, no Paviartes; Oficina de Ações Descolonizadoras (16/06) e Oficina Saberes do Mato (16/06), ambas na Casa do Lago da Unicamp. Para mais informações sobre horário e programação, acesse o link divulgado acima.

Texto: Denise Pereira

SERVIÇO! Fórum Por uma Justiça Epistêmica: Encontro de Saberes e outras propostas para descolonização dos currículos:

Data: 15/06, quinta-feira, das 8h30 às 17h30

Local: Centro de Convenções da Unicamp.

Sobre o Fórum: A universidade é uma das instituições privilegiadas de produção e reprodução da “injustiça epistêmica”. Este Fórum visa a criar oportunidades não somente para discutir essa injustiça no contexto acadêmico e seus dispositivos, mas também para discutir e propor estratégias concretas para uma refundação da universidade com base na “justiça epistêmica”. Inspirado no Encontro de Saberes, um movimento orientado para a inclusão de mestras e mestres de saberes tradicionais na docência universitária brasileira como uma estratégia de confrontação da “injustiça epistêmica”, o Fórum convida representantes de outras instituições de ensino superior e mestras e mestres de saberes tradicionais para discutir sentidos e estratégias de descolonização dos currículos e da prática acadêmica, considerando as dimensões epistêmicas, pedagógicas e administrativo-institucionais envolvidas no processo.

Conheça os palestrantes e minibiografias:

Ailton Krenak, (Ailton Alves Lacerda Krenak), é líder indígena, Ambientalista e ativista, filósofo, poeta e escritor, assumindo em março de 2023 a cadeira 24 da Academia Mineira de Letras. Seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019) é uma das obras mais vendidas nas livrarias brasileiras, conferindo-lhe o prêmio Juca Pato, de Intelectual do ano.  Na década de 1980, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena. Em 1985, fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa a promover a cultura indígena. Teve emenda popular assegurando sua participação no Congresso Nacional do Brasil para o processo constituinte em 1986. Participou da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Brasileira de 1988. Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas, organização que visa a representar os interesses indígenas dentro do cenário nacional. No ano seguinte, participou da Aliança dos Povos da Floresta. Em Minas Gerais, passou a se dedicar ao Núcleo de Cultura Indígena. Desde 1998, a organização realiza, na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais, um festival idealizado por Ailton: o Festival de Dança e Cultura Indígena, que visa a promover a integração entre as diferentes etnias indígenas brasileiras. No ano de 2014, Ailton foi um dos palestrantes do seminário internacional intitulado Os Mil Nomes de Gaia. Em fevereiro de 2016, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe o título de Professor Doutor Honoris Causa pela sua importância na luta pelos direitos dos povos indígenas e pelas causas ambientais no país. Nesta mesma universidade, Krenak leciona as disciplinas “Cultura e História dos Povos Indígenas” e “Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais”, ambos em cursos de especialização. Atualmente se encontra na Serra do Cipó (MG), onde está envolvido na ONG Núcleo de Cultura Indígena.[16] Realiza trabalhos na linha da temática indígena, aborda questões sobre a relação do índio com o meio ambiente, bem como com sua cultura local, lutando contra a sua discriminação pela sociedade.

Iyá Adriana de Nanã (Adriana Toledo), é Iiyalorixá zeladora do Ilê Axé Omó Nanã, articuladora social, palestrante, educadora social, ex-ativista do movimento Hip Hop, ativista pela garantia dos direitos das religiões de matriz africana, membro da Frente Inter-religiosa Dom Evaristo Arns por Justiça e Paz. Foi responsável pela articulação das comunidades das cidades de São Paulo e Itaquaquecetuba, para implementação da Plataforma dos Centros Urbanos do UNICEF. Coordenou a área de articulação e mobilização comunitária do Espaço Criança Esperança São Paulo. Foi assessor de imprensa da Secretaria Municipal de Assistência Social, entre os governos de Marta Suplicy e José Serra. Foi representante do Instituto Sou da Paz, na Comissão Municipal de Enfrentamento ao Abuso e Exploração contra Crianças e Adolescentes em São Paulo. Foi responsável pela estruturação e logística do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), dos 14 equipamentos distribuídos na cidade de São Paulo Atualmente ministra palestras sobre religiões de matriz africana e direitos humanos e aplica formação sobre a lei 10.639/10.

 Alessandra Ribeiro: Doutora. Historiadora e Urbanista pela PUC-CAMPINAS, tem como linha de pesquisa a Matriz Africana: territórios, memória e representação. É gestora cultural da Casa de Cultura Fazenda Roseira, Mestre da Comunidade Jongo Dito Ribeiro, em Campinas, Mãe de Santo Umbandista, Coordenadora da Pós-Graduação em Matriz Africana e consultora especializada em estudos sobre gestão cultural de espaços públicos compartilhados e patrimônio cultural imaterial.

 César Geraldo Guimarães (UFMG): Doutor em Estudos Literários (Literatura Comparada) pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995), professor Titular da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da UFMG e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Integrante do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, atua principalmente no estudo do cinema e da experiência estética. Editor da revista Devires: Cinema e Humanidades. Integrante do Grupo de Pesquisa “Poéticas da Experiência”. Coordenador-geral do Festival de Inverno da UFMG de 2012 a 2014. Coordenador da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG.

Dan Baron: Doutor em Teatro, educador de performance comunitária e ativista ecocultural de origem galesa-quebequense, colaborou com jovens em comunidades pós-industriais e conflituosas em risco no norte da Inglaterra, Gales do Sul e Norte da Irlanda. Em 1998, como professor visitante, lançou colaborações com comunidades Sem Terra, indígenas, sindicais e universitárias em todo o Brasil. Em 2001, após a construção coletiva do Monumento ‘As Castanheiras de Eldorado dos Carajás’ (1999), Dan coordenou a criação coletiva do ‘Monumento de Resistência dos Povos Indígenas do Brasil’. Ambas as colaborações continuam até hoje. Os últimos 25 anos de Dan foram dedicados ao desenvolvimento de ‘pedagogias de transformance’ em comunidades africanas, asiáticas, americanas e europeias. Desde 2008, Dan desenvolve ações culturais, segurança cidadã, energia solar, rodas de alfabetização e hortas medicinais na comunidade afro-indígena de Cabelo Seco. Contribuiu para a Rede de Artes para a Transformação da América Latina, Fórum Social Mundial (2001-12), presidiu a Associação Internacional de Drama/Teatro & Educação e a Aliança Mundial pelas Artes Educação (2006-10). Realizou apresentações, cursos e workshops em todo o mundo, mais recentemente para vários comitês da ONU dedicados aos direitos dos povos indígenas e educação para a sustentabilidade (ODS), publicou artigos, espetáculos, exposições e mais de 230 vídeos no Brasil, incluindo os livros Alfabetização Cultural (2004), Colheita em Tempos de Seca (2011) e Narrativas  Eco-Pedagógicas (2011-18).

Mestra Japira Pataxó:  Antônia Braz Santana, conhecida como Dona Japira, Dona Antônia e também como Tônia, é educadora, zeladora dos saberes tradicionais e liderança pataxó, pajé da aldeia Novos Guerreiros, localizada entre Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália – Bahia. Conhecedora das histórias, tradições e tecnologias do povo pataxó, dos rituais, da cura, das rezas e dos cuidados. Participou como professora convidada duas vezes na Universidade Federal do Sul da Bahia. Em 2014, na primeira realização do Projeto Encontro de Saberes nessa instituição, ministrou o curso “A medicina social e ecológica dos povos Pataxó do Sul da Bahia”, voltado para discentes das licenciaturas interdisciplinares. De 2017 a 2018, foi professora convidada a ministrar aulas aos alunos da Escola Indígena Pataxó da Coroa Vermelha. Em 2018 retorna à UFSB para ministrar o Ateliê em Encontro de Saberes direcionado aos alunos dos cursos de artes. Japira se dedica desde 2017 à escrita de seu livro sobre os saberes medicinais pataxó, intitulado Saberes do Mato Pataxó, em finalização. O livro transmite seus conhecimentos medicinais imersos em sua biografia de vida, nos saberes cosmológicos e poéticos pataxó. Recebeu título de doutora por notório saber pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é autora de “Saberes das terras Pataxó: da Beira Mar à Mata Atlântica”, onde descreve 131 plantas medicinais de cinco grandes biomas: o Quintal, a Capoeira, a Mata Atlântica, a Restinga e o Brejo.

José Jorge de Carvalho: pós-doutor em Antropologia Social por The Queen’s University Of Belfast, pós-doutor pela Rice University e pela University of Florida, Professor Titular na Universidade de Brasília (UNB), pesquisador dedicado aos temas: etnomusicologia; estudos afro-brasileiros; religiões comparadas, mística e espiritualidade; culturas populares; ações afirmativas para negros e indígenas. Foi uma das lideranças do processo de implantação de cotas étnico-raciais na UNB e um desfensor incansável da pauta antirracista no meio universitário, sustentando seu alargamento a partir da perspectiva das “cotas epistêmicas” e inaugurando uma frente para estas a partir do projeto Encontro de Saberes.

Babá Moacyr de Xangô: Babalorixá do Ilé Asé Obá Adákédájó Omí Aladò, ao qual está vinculado o Centro Cultural Omi Aladò. Atualmente preside o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Campinas. Recebeu o Diploma Zumbi dos Palmares e o prêmio Força da Raça da Cidade de Campinas, além do Título de Doutor Honoris Causa na ALESP. Como representante da FEBRAICA, entregou o Título de Doutor Honoris Causa às lideranças religiosas da Região Metropolitana de Campinas. Com forte atuação pela manutenção da cultura negra e da defesa dos interesses da comunidade negra de Campinas, já participou, e continua participando ativamente de diversos conselhos e comissões relacionados a esse assunto junto à Prefeitura Municipal.

Nil Sena: Mestra Griô de Campinas, atriz, cantora, coreógrafa e culinarista. Agente Comunitária de Saúde no SUS. Formadora das Promotoras Legais Populares Cida da Terra de Campinas. Graduanda em Pedagogia pela PUC, atuou como Arte Educadora na Queen´s University (2011) e é cantora do grupo “La cantante de la Trinidad y sus hijos.”

.Mestre Marquinhos Simplício. Nasceu em Campinas, na Vila Marieta, em 23 de outubro de 1958. Foi formado pelo Mestre Juvenil Gripp (Mestre Ju), na “Academia de Capoeira Angola e Regional Círculo Fechado”. É coordenador do Centro Cultural Crispim Menino Levado, grupo criado por ele em 78,  e desde de então vem se dedicando ao ensino da capoeira Angola, Tiririca, Samba de Bumbo e da cultura popular, tradição oral em diversos espaços de formação, atuando para a garantia dos direitos da criança e adolescentes e da comunidade negra. Em 2004, realiza o “I Seminário da História da Capoeira em Campinas”, com o propósito de debater e divulgar os aspectos da cultura afro-brasileira na cidade. Dessa ação, gerou-se a “Roda do Conhecimento” com o intuito de discutir a história da cultura negra e popular de Campinas, que vem ocorrendo pelo menos três vezes por ano. Além dessa ação, o Mestre Marquinhos e o grupo Crispim Menino Levado integram a Ação Griô Nacional, uma rede que integra 130 pontos de cultura e 600 instituições de ensino com missão instituir uma política nacional de transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral, em diálogo com a educação formal, para promover o fortalecimento da identidade e ancestralidade do povo brasileiro.

Mestre Pinguim da Bahia: Núcleo de Artes Afrobrasileiras USP. Notório saber pelo Núcleo de pesquisa em performance NaPedra da USP. Mestre de capoeira, dança afro e maculelê. Encarregado do Grupo Guerreiros de Senzala, sucessor do Mestre Gato de Santo Amaro Berimbau

Texto: Divulgação