Celebrar o legado de ambos é um ato de amor e de resistência

No final de 2020, a Congregação da Faculdade de Educação (FE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), bem como a Direção da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), aprovaram a criação de um selo pelo centenário de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, e pelos 105 anos de Elza Freire que, além de professora, foi sua companheira – ambas as datas a serem comemoradas neste ano de 2021.

As professoras doutoras Nima Spigolon (FE/Unicamp) e Camila Coimbra (Faced/UFU), que há mais de 15 anos trabalham e pesquisam as concepções de Paulo Freire, foram as responsáveis por criar este selo comemorativo, que se materializou na arte de Felipe Meneghetti. 

Gratuito, democrático e público, para fins exclusivamente acadêmicos, o selo marca a agenda das comemorações institucionais e em redes profissionais, acadêmicas, relacionais e freireanas no Brasil e pelo mundo. As imagens para download permanecerão disponíveis no website da Faculdade de Educação, até 31/12/2021.

Na sequência, você confere um trecho da entrevista e, se quiser conferir a entrevista completa, está aqui, em vídeo.

Bárbara Beraquet: Como surgiu, em vocês, o desejo para a proposição e para a criação do selo?

Camila Coimbra: Vou começar por onde começa a minha história com a Nima, em 2008, eu como professora da Universidade Federal de Uberlândia, no Câmpus de Ituiutaba. Nós tivemos a oportunidade de construir um projeto pedagógico de curso de pedagogia com princípios freireanos. Foi uma proposta de expansão das universidades públicas que vivemos, naqueles anos de governo, e tivemos a oportunidade de ter a construção desse projeto a partir dos princípios freireanos, em diálogo com a comunidade. No projeto pedagógico do curso, há momentos de síntese, em que fazemos os círculos de cultura. Começamos a fazer e a pensar um círculo de cultura junto com o grupo e, de repente, nos chega a professora Nima, que dizia que havia uma exposição do Paulo Freire, para pensarmos o círculo a partir dali. A partir dali, nunca mais desgrudamos. Continuamos a fazer esse movimento, que tem muito a ver com a forma como nós duas lemos, e a forma como nós duas compreendemos o Paulo Freire.

Selo comemorativo

Nos aproxima muito a ideia de que Paulo Freire não é só uma teoria, ele também é uma leitura pela qual se vê o mundo, pela qual se transforma o mundo e pela qual se age nele – é o conceito de práxis, que acho tão caro.

Desde 2008, nós duas começamos um diálogo que vem só se aprofundando; eu aprendendo com a Nima. Sempre insisto nisso: a Nima é a pesquisadora, eu sou a aprendiz, que tenho feito alguns movimentos no sentido de também conhecer, mas eu sempre me coloco como uma curiosa de Paulo Freire.

Nima Spigolon: A Camila é muito generosa com as palavras, você vai perceber. Eu também aprendo muito com ela, porque acho que isso é viver um dos principais postulados do Paulo Freire e da Elza: “eu ensino, ao aprender, e aprendo, ao ensinar”, que aí se complementa pela Pedagogia da Convivência (teoria referendada pela academia, formulada por Nima), que não é do consenso, que não é do silêncio, é do atritar das humanidades e das relações.

Camila é uma amiga, colega de trabalho, pesquisadora e professora engajada e sensível, e sobretudo, temos afinidades relacionais: somos duas professoras que ministram nas suas aulas aquilo que vivem no cotidiano. Há o encontro de objetividades e subjetividades, mas, ampliando a questão, o selo não nasceu no centenário de Paulo, ou nos 105 de Elza. Ele não nasce num estalo; há uma leitura histórica e uma digressão. Ele é resultado de um processo longo, exaustivo e dedicado de leituras e estudos.

Ainda, há algumas questões que preciso trazer para essa planimetria, que é a necessidade de as universidades públicas, do estofo que temos da Unicamp, da UFU, se posicionarem acerca do patrono da educação brasileira. Isso, no momento que o Brasil atravessa, com o negacionismo; quando se atravessa um ataque covarde e violento à ciência; e a cultura e a arte sofrem censura. 

É importante que as universidades públicas assumam, inclusive, o seu compromisso social e de se juntar a outras instituições nacionais e internacionais que celebram o Centenário do Paulo Freire, o nosso patrono da educação brasileira, um pensador reconhecido nacional e internacionalmente. 

Também há um imbricamento de outras questões importantíssimas, como as questões de gênero, raça, etnia e classe social. 

Com esse selo, temos uma “arte científica” ou uma ciência pela arte, que lida com elementos imagéticos interessantes, para engrossar as fileiras contrárias ao preconceito, à discriminação e à censura. No caso específico da FE da Unicamp, Paulo foi docente e Elza o acompanhou, eu diria, todas as vezes. Também é um reconhecimento da faculdade e da universidade – inclusive o prédio recebeu o nome de Prof. Paulo Freire, recentemente.

Por fim, sem ser o fim, o Felipe (Meneghetti) conseguiu captar muito bem a fisionomia dos dois. Eles estão alegres, nitidamente serenos, maduros, de óculos, daquele jeito simples e sorriso largo. 

Que o selo possa selar outros tempos, outras sociedades, mais justas, mais dignas e amorosas.

Bárbara Beraquet: Falar de amorosidade em ciência e na academia parece algo tão distante… No texto de apresentação do selo, vocês dizem que ele é mais do que uma homenagem, é um ato de amor e resistência. Porquê?

Camila Coimbra: Não estamos mesmo muito habituados a dizer de amor na universidade. Conto essa história: anos atrás, uma estudante, Camila, também (xará minha), que defendeu o mestrado na FE da Unicamp, me convidou para a defesa. Fui com a Nima e cheguei de surpresa. A estudante ficou muito emocionada e nós, nos contendo, aquela “coisa” da academia. Como ficar aos prantos numa emoção que não consigo controlar? De repente, a Nima fala que todo mundo tem que entender que na academia também tem emoção e “a gente pode amar aqui também”. Isso também faz parte.

Entender esse sujeito histórico freireano também é entender isso. Entender que, nesse contexto histórico, nós não separamos cognição e emoção. Para responder a essa ideia da amorosidade e da resistência que você me pergunta, lembrei-me de um vídeo do Carlos Rodrigues Brandão, em que ele cita Moacir Gadotti, dizendo que Paulo Freire era um “homem conectivo da preposição ‘e’”.

A ideia do amor e da representação nesse registro histórico, de colocar Paulo e Elza no nosso selo e de trazer a amorosidade freireana, se dá pelo entendimento da ideia desse sujeito histórico, que também é amoroso, que também é relacional, que é um ser de comunicação.

A amorosidade, enquanto categoria freireana, leva em consideração todas essas outras: é um ser da práxis, um ser da comunicação, um ser do diálogo, é um ser histórico, é um ser social. O amor está nestas relações. A amorosidade está nessas relações.

Sobre resistência, como a Nima já disse, nós duas somos professoras de duas universidades públicas no Brasil, que têm sofrido ataques insistentes em relação à sua função, às suas finalidades e à profissão docente. A ideia da Resistência também vem disso. Não isolada da ideia da amorosidade –  não é com armas que lidamos com essa situação, não é com violência – mas é simplesmente no amor. É a partir dele, nesse ser relacional, nesse ser de comunicação, que estabelecemos essa amorosidade e essa resistência como representação desse movimento de refletir, de comemorar e de mobilizar a sociedade brasileira, para quem de fato é o patrono da educação brasileira e, mais importante, reconhecer o seu lugar na construção, na verdade, de um projeto de nação, de uma universidade popular.

Nós estamos falando do selo, mas temos o centenário, o círculo de estudos e pesquisas freireanos, toda a ação que Nima desenvolve na Unicamp e a Faculdade de Educação, no sentido de afirmarmos que trabalhamos com pesquisa, com produção de conhecimento e não podemos negar a importância do Paulo Freire na história da educação brasileira.

Bárbara Beraquet: Neste cenário em que estamos vivendo, como pensar em criticidade de aluno – um princípio caro ao Paulo Freire – se o aluno, hoje, não tem acesso nem ao conteúdo; muitas vezes ele não tem acesso nem à alimentação que era fornecida na escola e que ele, muitas vezes, deixa de receber em casa?

Nima Spigolon: A criticidade é uma categoria também basilar no pensamento e no conjunto da proposta político-pedagógica de Paulo Freire. Tentarei alinhavar criticidade com esse cenário, porque eles se complementam. Fundamentados em Paulo Freire, não há essa visão dicotômica.

Ou seja, não há esse cenário isoladamente: a escola isolada do mundo, com a sua grade curricular, com a sua merenda, o estudante com a sua família, em sua casa – para o Paulo Freire e para Elza, não há essa dicotomia nesse conjunto de pensamento transformador, crítico, pedagógico e político. 

Memorial Paulo Freire

Para trazer a criticidade à formação dos estudantes, na realidade, à escola, é preciso que eles estejam em interface. Para falar de formação de alunos, tenho que trazer formação de professores e, para isso, tenho que trazer licenciaturas. Ainda, na escola não temos apenas estudantes e professores. Há profissionais da Educação, mas não somente; e não apenas o currículo, com os conteúdos de ensinar a ler, escrever, e  as operações lógico-matemáticas.  Na escola também há vários programas sociais, como alimentação escolar, o livro didático, acompanhamento psicológico-odontológico… 

O diálogo em torno dessa questão não se dá de forma estanque.

Ultimamente, temos observado, por exemplo, um estrangulamento de disciplinas voltadas para o corpo, como a educação física; o estrangulamento de disciplinas, de conteúdos e de matérias voltadas para a filosofia, para o pensar, para a sociologia, o que refletir sobre as condições sociais. Não há uma fórmula para como falar em criticidade nos alunos e também não há uma fórmula de como isso pode ter um Efeito Dominó.

Um bom diálogo freireano que podemos fazer para embasar essa categoria, a criticidade, é ampliar os horizontes de utopia para que a criticidade realmente esteja contemplada nos marcos regulatórios, na formulação de políticas educacionais, de saúde; que a criticidade esteja também contemplada no tipo de literatura que é enviada para as bibliotecas escolares.

O que fica para concluir, sem concluir, como diria o Paulo Freire, é que a importância da categoria “criticidade” é que ela conduz a outras. Todas freireanas, por exemplo, conscientização; boniteza; inédito viável, que é o que não aconteceu, mas está em curso; a esperança; a amorosidade, que você falou tanto…

Veja, quando eu falo na alimentação, muitas crianças nas escolas públicas ainda vão motivadas pela alimentação; talvez a única refeição do dia seja aquela. 

Sobre a criticidade das famílias, embora haja, hoje, um acesso maior à Internet, não um acesso ainda democrático e de valor justo – tanto que a pandemia agudizou as desigualdades sociais via tecnologia – ainda se tem a televisão como uma mídia, um meio de comunicação massivo, sem massa crítica.

Você tem o acesso à Internet – conversamos com os alunos, não é, Camila? – “olha vocês vão ter uma biblioteca de Google?”… São filtros e, hoje, temos um acesso desvairado às informações, mas limitadíssimo quanto ao conhecimento. Informação não gera criticidade, conhecimento, sim.

Falar em criticidade fundamentada em Paulo Freire, nesse universo que você traz, de realidade, de conteúdo curricular, de alimentação, de escola é um desafio articulado. Não basta nos esforçarmos para que a criticidade aconteça entre o professor e o aluno, ou somente na escola, temos a profundidade, a complexidade e até a simplicidade, que não são antagônicas no pensamento e na prática freireana. Não é só lidar com a criticidade, mas todo esse conjunto, que vai nos tornando críticos, mas não apenas críticos: reflexivos, dialógicos, sensíveis, amorosos.  

Bárbara Beraquet: Caminhamos no sentido contrário. Não posso afirmar, na verdade; temos uma visão muito do “agora” e que as pessoas do futuro poderão dizer melhor do que vivemos hoje. Mas, muitas vezes, temos a sensação de que o nosso “hoje” caminha no sentido do pensamento acrítico.

Nima Spigolon: Isso porque você tem nos últimos tempos, novamente, a censura. E a censura é, querendo ou não, um obstáculo à crítica. E você tem críticas que não são críticas, no sentido de criticidade que o Paulo Freire coloca. Você tem críticas ácidas, críticas sem fundamento ético. 

Quando você coloca essa agorafobia, volto um pouco lá na concepção de Estado. Não temos, atualmente, um projeto de país, de Estado. Há um esfacelamento. Temos que pensar, agir, sentir e refletir propostas que tenham por fim, e já no meio, a criticidade.

Camila Coimbra: Eu só colocaria uma pitadinha… Nesse tempo em que vivemos, também tempo de pandemia, perceber o quanto a escola, pensando na escola tradicional que Paulo Freire chama de educação bancária, na sua origem, na sua história também, como trouxemos uma certa compreensão de que educação é passividade. 

Para mim, isso se associa a esse conceito de criticidade freireana, porque, quando ele propõe uma educação libertadora pela problematização, você transforma essa realidade. Ou transforma também os sujeitos, a partir desta relação, em compreender que esta realidade problematizada transforma uma consciência ingênua numa consciência crítica. 

Dei o exemplo da pandemia porque parece que tudo é natural; há a naturalização das desigualdades sociais. A naturalização, de que é assim, então, assim permanecerá, é construída socialmente e com uma contribuição da escola. Não posso dizer que seja a escola, mas existe uma contribuição desta concepção de educação bancária nessa perspectiva da passividade.

Como diz o Paulo Freire, você desajusta o sujeito, você desenraiza o sujeito, porque o sujeito, nessa perspectiva freireana, ele é um sujeito histórico. É ele que luta, ele que é esperança… não usando dos antagonismos, essa ideia da criticidade é importante.

Numa aula de pedagogia, as alunas me perguntavam se as escolas progressistas não trarão consequências para seus estudantes; se, depois, eles não vão conseguir participar dos processos seletivos formais; se isso não seria perigoso. E eu pensava que o perigo é pensarmos que temos que manter uma escola que anuncia ou denuncia problemas e que nós precisamos enfrentar estes problemas. Não estou trazendo soluções, mas querendo problematizar, para pensarmos sobre isso.

Na educação, há um saber que é a convicção de que a mudança é possível. Se eu não estiver convencida disso, será muito difícil trabalhar no nosso campo, por conta de todo esse cenário que a Nima trouxe e que estamos aqui discutindo desde o começo. Se a gente não acreditar na possibilidade da mudança, para que tudo isso? 

Bárbara Beraquet: Dificilmente uma mulher não se identificará com Elza Freire, por conta da vastidão de papéis e de funções e ações que ela teve. Mas, qual foi o principal legado dela? Como a Nima mencionou, por muito tempo Elza ficou à sombra, mas ela não se desenvolveu à sombra de Paulo Freire. Ela foi educadora, professora por escolha, por si mesma, e, ao mesmo tempo, ela foi mãe e educadora no período de repressão e censura – uma mãe exilada que, mesmo assim, escolheu continuar. Qual é o legado que a Elza especificamente nos deixa?

Nima Spigolon: Eu gostaria de conversar sobre essa questão que você traz, no plural. Gostaria de falar um pouco sobre os legados, por conta dessa modalidade de “gentes” que somos e dessas diferenças que nos marcam a existência. Sinto que apontar um legado seria, primeiro, um reducionismo com a vida, a obra e o personagem histórico de Elza.

Os legados, sem uma ordem de importância, de valor, sem ajuizamento, falarei deles numa prosa. Elza foi uma mulher à frente do seu tempo e uma mulher rente a seu tempo.

Imagine uma mulher que, na década de 30, se faz professora no Nordeste, onde até hoje nós temos altos índices de analfabetismo. Elza frequenta escolas de referência. Elza casa-se com um homem, apaixona-se, cinco anos mais novo do que ela. Isso numa sociedade da década de 30, 40, no Nordeste brasileiro. Era uma mulher que vinha de uma classe social superior à de Paulo, à época; uma mulher que já era formada, que era concursada e já era professora e diretora de escola. Paulo era órfão de pai – isto coloco em um sentido histórico, até para potencializar a boniteza desses dois e como o legado dela se faz e vai aparecendo nesta minha prosa.

Uma mulher à frente do seu tempo e rente a esse tempo, porque quando acontece, por exemplo, a sistematização do chamado método Paulo Freire, era um compromisso que Elza tinha ante aquele cenário de analfabetismo. Quando ela e o Paulo propõem as palavras geradoras, a partir do universo vocabular daqueles camponeses… Isso é uma mulher à frente… e rente… 

Tentando mediar as razões e as paixões desses legados de Elza, os filhos, eu penso que são parte do legado de Elza Freire: as três marias, Maria Madalena, Maria de Fátima, Maria Cristina e os dois meninos, Joaquim e Lutgardes. E esse Paulo Freire que nós temos é parte do legado de Elza, o Paulo Freire inteiro.

Não vou dizer “tal livro”, ou o Paulo Freire mais político, ou mais pedagógico, o filósofo, o ser ontológico, mas o Paulo Freire que nós temos é um legado de Elza. 

E isso se vê em vários fragmentos da narrativa dessa mulher, quando, por exemplo, Paulo tem uma reconversão identitária de profissão, Paulo forma-se em Direito e Elza vira-se para Paulo, “eu sabia, você é um educador”. O Paulo Freire que nós temos é o legado de Elza Freire e seus filhos são também, talvez, o maior legado que ela nos deixou.

Esses filhos falam que sua mãe e seu pai não deixaram apenas os cinco irmãos que são, mas toda a Humanidade. Essa forma de se reconhecer e de se posicionar ante a realidade para transformá-la, e esse sentir da Humanidade, é parte do legado. Esse conjunto de percepções da vida que Elza teve, continua tendo, essa percepção do outro, quando nós lemos Paulo, quando acessamos fragmentos da vida e da obra dele, acessamos isso de Elza. Quando estamos com os filhos, lemos os filhos, assistimos aos filhos… O legado dela se manifesta no que eles são.

Elza Freire, 1967 (Affonso, Almino – Memorial Paulo Freire)

Talvez o mais bonito do que fica do legado de Elza é o imaterial que se faz material. É a sua concepção de abstração para o concreto, essa vinculação dela com a natureza. Quando eles moraram no Chile, Elza cultivava roseiras; a natureza é um dos elementos fundantes do pensamento freireano.

O compromisso com as causas humanitárias, quando fala em lutar com os oprimidos, os excluídos, e os esfarrapados. São partes dos legados que Elza Freire nos deixou e acho que a simplicidade do viver, o compromisso de Elza com a arte-educação também. Nos anos 50, ela, diretora de escola, introduz o ensino da arte-educação no currículo da educação básica em Recife.

Percebam as causas sociais e as lutas pedagógicas e políticas de Elza, a inserção em África, o posicionamento dessa mulher nas favelas de Recife, nas campanhas de alfabetização em massa, nas escolas em que ela lecionou, em que ela alfabetizou, que levam essa mulher a dizer: “Nasci com livro na mão, fiz o que queria, o que pensei, porque realmente fiz bem”; “ama-se diferentemente porque ama-se várias vezes”; “é a leitura da palavra fluida a leitura do mundo”; “ o que se busca fazer aqui é história, porque é o que fica quando formos embora”; “a pessoa humana é algo concreto e não uma distração”.

Mais informações sobre o assunto com Nima, pelo e-mail nima@unicamp.br e pelo www.instagram.com/cepfreireanos

Youtube: www.youtube.com/CírculoDeEstudosEPesquisasFreireanos

Site: www.sites.google.com/view/principioseticosfreireanos

Sobre as professoras

Nima Spigolon  é professora com doutorado em Educação, área de concentração Ciências Sociais na Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2014). Ela é mestre em Educação, área de concentração: Políticas, Administração e Sistemas Educacionais, pela mesma Universidade (2009). Graduada em Pedagogia (2005) e bacharel em Administração (1992), é professora da Faculdade de Educação, na Universidade Estadual de Campinas. Credenciada no programa de Pós-Graduação em Educação e Coordenadora do Mestrado Profissional em Educação Escolar, coordenadora e pesquisadora do GEPEJA (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos) e pesquisadora do GPPES (Grupo de Pesquisas em Políticas, Educação e Sociedade), suas principais temáticas de atuação são Elza Freire e Paulo Freire, Educação de Jovens e Adultos, Formação de professores, Políticas Públicas, Ditadura e Exílio brasileiro.

Camila Coimbra é doutora em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (2000), Camila é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Uberlândia (1993). Professora associada na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia – UFU, também atua como pesquisadora do Grupo de Pesquisa Currículo: questões atuais da PUC/SP. Pesquisadora do Grupo de pesquisa Observatório de Políticas Públicas-OPP/UFU, é coordenadora do Círculo de Estudos e Pesquisas Freireanos (CEPF), coordenadora Estadual da Anfope em Minas Gerais, vice-coordenadora do GT8: Formação de Professores da Anped-CO. Trabalha com a disciplina de Didática nos cursos de formação de professores\licenciatura e, desde 2017, também responsável pela disciplina Princípios Éticos Freireanos, oferecida pelo Núcleo de Didática da Faced\UFU.

Sobre Paulo e Elza Freire

“O selo apresenta o ‘reencontro’ de Elza com Paulo, na comemoração, no reconhecimento, na historicidade de seus pensamentos e de suas práxis na concepção de um mundo menos desigual e de uma educação libertadora. Educação libertadora que não se faz com um, no singular, mas com gente, no plural. ‘Reencontro’ na luta, na humildade, no amor, na esperança, na reflexão crítica e na confiança, mediatizada pelo diálogo. Nesse diálogo, a obra e vida de Paulo Freire são amalgamadas por Elza Freire. Encontramos, pois, a amorosidade de ambos a constituir esse legado humano, político e pedagógico. Ao reconhecer em Elza a presença de Paulo e em Paulo a presença de Elza, anunciamos, de fato, uma relação dialógica e dialética e, de direito, um conjunto de teorias e práticas no campo da transformação social. O selo, simbolicamente, representa a denúncia e o anúncio dialógico e utópico freireano, entre Elza e Paulo e entre eles e a humanidade” – neste excerto do texto em que apresentam o selo comemorativo, as professoras Nima e Camila sintetizam a simbologia do selo, mas também falam da essência do encontro entre Paulo e Elza.

Nascido em Recife (PE), em 1921, e falecido na capital paulista, São Paulo, em 1997, Paulo Freire foi educador, filósofo e um dos pensadores mais notáveis da pedagogia, mundialmente. Com uma atuação considerada incômoda e subversiva na década de 60, período da ditadura militar, quando foi exilado, é o brasileiro com mais títulos honoris causa pelo mundo.

Elza passa a ser Elza Freire pelo casamento. Nascida na capital pernambucana de 1916, cinco anos mais velha do que o marido, escolheu a educação como missão. Faleceu em 1986.

Redação: Bárbara Beraquet

Revisão: Nádia Abilel de Melo